A literatura é o exercício da palavra escrita que proporciona aos leitores a desacomodação de seus mundos confortáveis. A leitura de textos literários coloca em contraste a realidade vivida pelo leitor e o universo da ficção apresentado pelo autor formando um processo interativo e provocador de significação e ressignificação. Como uma experiência sensível, o livro Capitães da Areia do escritor baiano Jorge Amado conta a história de um grupo de meninos que perambulam pelas ruas de Salvador e, que para sobreviver, assaltam pessoas e residências. Usam como trapiche abandonado, uma espécie de armazém na beira do cais. Mesmo diante de um contexto de vulnerabilidade social em que são analfabetos e não possuem acesso ao livro e à leitura, a obra mostra que a mediação da leitura pode acontecer. Para tanto, o artigo objetiva oferecer uma reflexão sobre a informação e o conhecimento sob o prisma da mediação oral da informação e da leitura, a partir da leitura e análise de algumas passagens da obra. Trata-se de estudo com abordagem qualitativa, com pesquisa bibliográfica realizada, envolvendo temáticas tais como: leitura, mediação da informação e da leitura, informação, crianças em situação de rua. Compreende-se que no livro o personagem “Professor” exerce a figura de um mediador da leitura, mediando informações, sonhos, histórias, transformando a dor da realidade vivida pelos garotos. Tal figura relevante dentro do grupo de garotos abandonados só foi possível emergir porque o referido personagem tinha o livro e a leitura como um valor estético, mas também por partilhar com seus colegas de grupo os mesmos dramas existenciais, histórias e vivências.